"Hoje quero agradecer pelas pessoas. Estas que surgem na vida da gente para somar. Que deixa um pouquinho de si e carregam um bocadinho de nós. Agradeço por não esta sozinha. Pelo carinho e afeto dos que me envolvem . Pelo simples fato de me sentir melhor quando um pequeno gesto me rouba um riso. Hoje agradeço pelos presentes que Deus me dá a todo instante. Amigo é abraço divino." (Wanderly Frota)
A idéia desse Blog é trocar experiências e discutir sobre as questões raciais e de gênero e tantos os tipos de discriminações existente nessa sociedade de opressores e oprimidos.
sábado, 31 de dezembro de 2016
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
QUE VENHA 2017
Todas nós somos passíveis de momentos tristes, depressão, ansiedade, que nos fazem pensar em abrir mão dos nossos sonhos, nossos desejos mais íntimos de completar a nossa felicidade ao lado de alguém.
Todavia que quero lhe dizer que não importa o que você esteja enfrentando, não importa o quão difícil esse momento seja para você, você pode e vai passar por isso de cabeça erguida, estas lágrimas que nesse momento correm pela sua face não estão despercebidas, elas não são em vão.
Tenha fé. Confie em você e na sua capacidade de se reinventar. Essa sua viagem terá porto seguro e essa mulher forte que existe aí dentro está apenas a espera de um comando seu para reinar soberana e refazer o que ficou pelo meio do caminho.
Identifique as suas necessidades e os seus objetivos. Coloque seus sonhos sobre qualquer outra coisa. Não sinta vergonha de mostrar seu eu genuíno. Você é perfeita da forma que você é.
Seja forte, confie em você e na sua capacidade. Quando você não souber qualquer coisa, não hesite em perguntar, corra o mundo atrás da resposta que você necessita. Pule muros, abra portas, quebre correntes, liberte - se do que te faz mal.
Seja determinada, seja feliz e deixe aflorar esse leu lado menina levada que a vida tentou apagar. Apesar de tudo seja positiva sempre. Seja grata por tudo. Seja divertida, independente e guerreira. Seja simplesmente você!
(Liliane Ribeiro)
https://www.facebook.com/IleAseIyamiOmiTutu/
quarta-feira, 4 de maio de 2016
MÃES NEGRAS NÃO ADOECEM (Por Silvia Nascimento)
“Quem aqui de vocês quando doente, conseguiu ficar mais de três dias de cama, sem ter que se recuperar antes do tempo previsto, para retomar seus compromissos ?”. Essa foi a provocação inicial feita durante o primeiro encontro do Iyá Maternância grupo de mulheres que discute maternidade negra, até onde sei, a primeira iniciativa nesse sentindo em São Paulo. O evento foi nesse último sábado, dia 23 de abril.
E é isso. Se mulher negra tem que ser forte, mães negras não podem ser dar “ao luxo” de adoecer. A imagem da escrava negra sempre disponível e pronta para servir, ainda existe, mesmo em lares afro-centrados. São as feridas da escravidão ainda abertas e cutucadas diariamente, e que se traduzem em muito dor, baixa autoestima e a sensação de que não merecemos ser amadas.
Quem já participou de encontros de mulheres negras, sabe o quanto é tocante, o quanto choramos deixando evidente uma dor coletiva, mas silenciada dentro dos nossos lares. Temos medo de nos mostrarmos vulneráveis, visto que temos que ser a solução e nunca o problema ou ainda, pela falta de ter quem se importe.
“Minha mãe morreu aos 53 anos, de tanto trabalhar. A imagem que tenho dela é de sofrimento, ela apanhava do meu pai e trabalhava todos os dias da semana, até que seu coração não aguentou”, disse uma das participantes do encontro do Iyá. Eu, infelizmente, não acho que esse seja um caso isolado. A maior parte das famílias negras, são sustentadas por mães exaustas.
Projetos sobre maternidade negra são urgentes porque a sensação de solidão e abandono persiste até entre mães jovens. Não nascemos mães. Parir e educar crianças negras é outro papel que tivemos que assumir sozinhas.
Minha dúvida é, porque o homem negro é tão ausente nessas questões? Em outros depoimentos ficou evidente que o pai, negro ou branco, delega a mãe, mais esse fardo, como se só ele tivesse o direito de usar a carta da Glória Pires e não opinar, passando para nós, mais uma vez a função de administrar e gerenciar conflitos gerados em situações de racismo.
Quem exige das lojas a boneca negra, quem vai à escola para pedir mais diversidade nos livros paradidáticos ou denunciar o coleguinha racista, quem muda sua estética para ser referência para os seus filhos é a mãe negra.
As recompensas por essa doação incansável é essa nova geração de crianças negras empoderadas.
Mães negras, como todas as outras, têm dúvidas, medos, se cansam, sentem dor, tem muitas dúvidas e não têm resposta para tudo, no entanto o racismo é imperdoável, mesmo com as que ainda carregam seus filhos no ventre. Até a dose de anestesia no parto pelo SUS é menor quando a mãe tem pele escura.
Enquanto isso não é um problema para o Estado, nem para os pais, iniciativas como a Iyá, são o que irá garantir que nossas meninas negras, sejam mais felizes e amparadas no futuro quando se tornarem mães.
E é isso. Se mulher negra tem que ser forte, mães negras não podem ser dar “ao luxo” de adoecer. A imagem da escrava negra sempre disponível e pronta para servir, ainda existe, mesmo em lares afro-centrados. São as feridas da escravidão ainda abertas e cutucadas diariamente, e que se traduzem em muito dor, baixa autoestima e a sensação de que não merecemos ser amadas.
Quem já participou de encontros de mulheres negras, sabe o quanto é tocante, o quanto choramos deixando evidente uma dor coletiva, mas silenciada dentro dos nossos lares. Temos medo de nos mostrarmos vulneráveis, visto que temos que ser a solução e nunca o problema ou ainda, pela falta de ter quem se importe.
“Minha mãe morreu aos 53 anos, de tanto trabalhar. A imagem que tenho dela é de sofrimento, ela apanhava do meu pai e trabalhava todos os dias da semana, até que seu coração não aguentou”, disse uma das participantes do encontro do Iyá. Eu, infelizmente, não acho que esse seja um caso isolado. A maior parte das famílias negras, são sustentadas por mães exaustas.
Projetos sobre maternidade negra são urgentes porque a sensação de solidão e abandono persiste até entre mães jovens. Não nascemos mães. Parir e educar crianças negras é outro papel que tivemos que assumir sozinhas.
Minha dúvida é, porque o homem negro é tão ausente nessas questões? Em outros depoimentos ficou evidente que o pai, negro ou branco, delega a mãe, mais esse fardo, como se só ele tivesse o direito de usar a carta da Glória Pires e não opinar, passando para nós, mais uma vez a função de administrar e gerenciar conflitos gerados em situações de racismo.
Quem exige das lojas a boneca negra, quem vai à escola para pedir mais diversidade nos livros paradidáticos ou denunciar o coleguinha racista, quem muda sua estética para ser referência para os seus filhos é a mãe negra.
As recompensas por essa doação incansável é essa nova geração de crianças negras empoderadas.
Mães negras, como todas as outras, têm dúvidas, medos, se cansam, sentem dor, tem muitas dúvidas e não têm resposta para tudo, no entanto o racismo é imperdoável, mesmo com as que ainda carregam seus filhos no ventre. Até a dose de anestesia no parto pelo SUS é menor quando a mãe tem pele escura.
Enquanto isso não é um problema para o Estado, nem para os pais, iniciativas como a Iyá, são o que irá garantir que nossas meninas negras, sejam mais felizes e amparadas no futuro quando se tornarem mães.
Saiba mais sobre o projeto Iyá pelo Facebook.
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
Balançando sob a luz do sol: Pensamentos de uma mulher preta
Gostaria de iniciar esse texto me desculpando pelo longo período de ausência. Venho passando por um período doloroso em que apesar do pensamento intenso, não consigo passar o que sinto para o papel. Enquanto mulher preta aprendi com a vida a não demonstrar meus sentimento, passando a imagem de uma mulher forte, que não tem tempo para lamentos, choros, cicatrização das feridas... E então me vejo tendo que lidar com uma depressão. Uma doença que jamais pensei que pudesse fazer parte da minha vida. Então tive que parar... Despir-me da armadura, me olhar no espelho, permitir vivenciar o processo de fragilidade, o cansaço, a dor acumulada, o choro engasgado e contido ao longo da vida. Precisei pedir ajuda e me expor falando de todas as minhas angustias e receios. Um processo longo, em que venho aprendendo a lidar com meus sentimentos e limitações. E hoje, depois de muito tempo, bateu uma vontade de escrever, colocar para fora questionamentos que andam me rondando.
Tenho lido vários textos, pelas redes sociais, falando sobre as dores e a solidão das mulheres pretas e diante de tudo que tenho passado atualmente, comecei a pensar um pouco mais sobre esse assunto. Enquanto pedagoga e educadora tenho uma grande admiração pelas ideias de Paulo Freire. No seu livro: “Pedagogia do Oprimido”, Paulo Freire aborda a dificuldade em deixar de ser oprimido sem virar opressores ou subopressores. E levando isso para nós, pretos e pretas, tão engajados na luta diária contra o racismo, me pergunto até que ponto não contribuímos para a solidão dos nossos pares?
Todos sabem da necessidade que temos, enquanto seres humanos, em nos mantermos em grupos. A alienação provocada pelo racismo, muitas vezes nos leva a querer fazer parte de grupos que não nos representam, fazendo com que o processo de construção da nossa identidade aconteça de forma distorcida. No momento em que entendemos nossa condição de oprimidos e despertamos para nossa consciência negra, buscamos desesperadamente nossos semelhantes, irmãos e irmãs que possam nos acolher, saciar nossa sede pelo saber, descobrir nossas histórias através das historias dos nossos pares... Buscamos alicerces para a construção e afirmação de uma nova identidade. Neste momento é que nós, engajados na luta contra o racismo (cada qual a seu modo), precisamos lembrar o verdadeiro significado da palavra irmandade. Precisamos olhar nossos pares sem julgamentos ou reprovações de atitudes.
Eu, muitas vezes, julguei irmãs por achar que não estavam engajadas na luta o suficiente, pela dificuldade ou mesmo opção em manterem os cabelos alisados, por achar que não estavam se valorizando ao exporem demais seus corpos, por pensarem diferentes a mim, por viverem relações inter-raciais... E todos esses julgamentos me impediram de olhar essas mulheres pretas como irmãs, de oferecer ajudar quando elas precisaram, de me unir a elas com o que temos em comum: nossas dores e solidão... E hoje me deparo com a mesma sensação de solidão que devo ter causado a outras. Hoje sinto que por ter optado por um companheiro branco, sou olhada com reprovação pelos meus pares, como se toda a minha luta diária contra qualquer forma de opressão fosse menos significativa agora. Como se ao ter casado com um homem branco meus posicionamentos deixassem de ter o peso de antes... E diante de toda essa situação aprendi a rever a forma como eu também julguei muitas irmãs. Hoje entendo melhor o quanto ainda precisamos praticar o verdadeiro significado de irmandade, lembrando sempre o que temos de semelhantes.
Tenho lido vários textos, pelas redes sociais, falando sobre as dores e a solidão das mulheres pretas e diante de tudo que tenho passado atualmente, comecei a pensar um pouco mais sobre esse assunto. Enquanto pedagoga e educadora tenho uma grande admiração pelas ideias de Paulo Freire. No seu livro: “Pedagogia do Oprimido”, Paulo Freire aborda a dificuldade em deixar de ser oprimido sem virar opressores ou subopressores. E levando isso para nós, pretos e pretas, tão engajados na luta diária contra o racismo, me pergunto até que ponto não contribuímos para a solidão dos nossos pares?
Todos sabem da necessidade que temos, enquanto seres humanos, em nos mantermos em grupos. A alienação provocada pelo racismo, muitas vezes nos leva a querer fazer parte de grupos que não nos representam, fazendo com que o processo de construção da nossa identidade aconteça de forma distorcida. No momento em que entendemos nossa condição de oprimidos e despertamos para nossa consciência negra, buscamos desesperadamente nossos semelhantes, irmãos e irmãs que possam nos acolher, saciar nossa sede pelo saber, descobrir nossas histórias através das historias dos nossos pares... Buscamos alicerces para a construção e afirmação de uma nova identidade. Neste momento é que nós, engajados na luta contra o racismo (cada qual a seu modo), precisamos lembrar o verdadeiro significado da palavra irmandade. Precisamos olhar nossos pares sem julgamentos ou reprovações de atitudes.
Eu, muitas vezes, julguei irmãs por achar que não estavam engajadas na luta o suficiente, pela dificuldade ou mesmo opção em manterem os cabelos alisados, por achar que não estavam se valorizando ao exporem demais seus corpos, por pensarem diferentes a mim, por viverem relações inter-raciais... E todos esses julgamentos me impediram de olhar essas mulheres pretas como irmãs, de oferecer ajudar quando elas precisaram, de me unir a elas com o que temos em comum: nossas dores e solidão... E hoje me deparo com a mesma sensação de solidão que devo ter causado a outras. Hoje sinto que por ter optado por um companheiro branco, sou olhada com reprovação pelos meus pares, como se toda a minha luta diária contra qualquer forma de opressão fosse menos significativa agora. Como se ao ter casado com um homem branco meus posicionamentos deixassem de ter o peso de antes... E diante de toda essa situação aprendi a rever a forma como eu também julguei muitas irmãs. Hoje entendo melhor o quanto ainda precisamos praticar o verdadeiro significado de irmandade, lembrando sempre o que temos de semelhantes.
(Preta_dss )
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