domingo, 29 de agosto de 2010

Trocando experiências...

Por conta desse blog estou tendo oportunidade de conhecer mulheres pretas de vários lugares. Uma oportunidade maravilhosa de troca de experiências. Varias visões a cerca de questões relacionadas à mulher preta.

Através dessas conversas tenho percebido que não importar a localização espacial, nós mulheres pretas temos muito em comum e vivenciamos no nosso dia a dia situações que acabam nos tornando tão parecidas. E em meio a varias conversas noto que as questões afetiva da maioria das mulheres pretas anda deixando a desejar. Em quase todas as conversas sobre relacionamentos a situação é sempre a mesma: Mulheres pretas, lindas, inteligentes e solteiras. Eu achei que isso fosse algo isolado ou que talvez eu fosse chata demais... RS. Mas pelo visto a coisa é mais complexa e anda se estendendo como epidemia

Bem... Tenho certeza que há varias opiniões a respeito desse assunto. Para começar vou postar um texto de uma amiga chamada mia (uma baiana arredada!) e quem quiser divulgar a opinião é só mandar o texto para o meu e-mail ou postar um comentário. Bjs a todos e todas.

Negras, lindas, inteligentes e solteiras


Nessa semana eu estava bebendo com umas amigas, em um bar, e me perguntei: “O que faziam quatro mulheres negras, lindas, sábado à noite, solteiras ?” Naquela mesa estavam pretas inteligentes, interessantes e empoderadas...... Hummmmm, acho que esse era o problema!
Os caras ficavam com medo de se aproximar, era como se nós fôssemos morder eles.... tá bom! Quem sabe em outros momentos, mas naquele não! Falamos de reuniões, lembramos de eventos, questões políticas. E homens? Nada, nada, nada e nada!
Lembro da fala de uma de minhas amigas que se referia à mulher negra, sobre o quanto se tornou exigente quando conhece um cara:
“Qual o curso que você faz?”
“Já leu Stevi Biko? Hummmm, e Milton Santos, não?”
“Você faz parte de qual instituição?”
Parece demais e é! Qualquer mulher grande (compreenda grande como símbolo da imensidão do poder feminino) quer estar acompanha por um homem grande também. A resposta para a solidão das mulheres negras é o oposto dessa busca por um ser agigantado.
A maioria dos homens ainda não lida bem com o fato de saber que sua companheira faz mestrado enquanto ele ainda está na graduação, senão com o curso de ensino médio completo, ou sua namorada vai para o exterior enquanto ele, no máximo, foi à Feira de Santana de buzão; ela se veste com tecidos africanos acompanhados de lindos colares, perfumada, com salto, trabalhada na maquiagem, e ele de blusa Mahalo, ou rapper norte-americano. Será querer demais desejar estar acompanhada por alguém à altura?
Isso desenvolve um caos a que eu chamo de Síndrome do Pronome Possessivo da Segunda Pessoa do Singular. Traduzindo... Aquele velho “A nega de Carlos”, ou “Aquela menininha que namora Pedro”... Quando o homem muda de papel e se torna o ser de alguém isso é totalmente inadmissível.A exemplo de minha mãe, sempre que meu pai estava prestes a conseguir um emprego ou promoção, ela incentivava, apoiava, mas quando ela apresentava um caminho de crescimento ele não demonstrava alegria, era aquela coisa Bacaaaaaaaaaana!
Dentro do Movimento Hip-Hop temos inúmeros exemplos de rappers que desfilam com suas namoradas, ele na frente, levando as coitadas pela mão como quem atravessa uma criança na rua, e elas atrás, geralmente magras e baixas, apagadas, invisíveis, caladas e não militantes.
Hoje eu entendo que ser mulher negra GRANDE e ainda militante feminista é saber que sexta à noite você vai sair com um bando de mulher negra na mesma condição que a sua, é passar o sábado chuvoso em casa assistindo a um filme e comendo pipoca sozinha, é querer ver um filme acompanhada e não ter quem convidar ou simplesmente passar o Dia dos Namorados como se fosse uma segunda-feira.

Para saber mais dessa preta maravilhosa visite: http://www.simplesrap.com/search/label/Papo%20Simples

terça-feira, 3 de agosto de 2010

CASAMENTO ABERTO


Andou circulando pela internet um texto creditado a Danielle Mitterrand, viúva do ex-presidente francês François Mitterrand. Pelo teor, acredito que seja mesmo de sua autoria. Quando permitiu que a amante e a filha que ele teve fora do casamento comparecessem aos funerais, Danielle comprou uma briga com a ala mais conservadora da sociedade francesa. Agora está se defendendo com uma reflexão que serve para todos

É sabido que a instituição casamento vem se descredibilizando com o passar do tempo. Hoje, uma relação que dura vinte anos já é candidata a entrar para o Guinness. Li outro dia uma pesquisa sobre os casais mais "divorciáveis" da atualidade. A tal Paris Hilton era a mais cotada para se separar no primeiro ano de matrimônio - erraram: nem chegou a haver casamento. E fora do mundo das celebridades não é muito diferente. Os pombinhos estão no altar, e os amigos, na igreja, já estão fazendo suas apostas para a duração do enlace. Todo mundo quer casar, adora a idéia, mas poucos ainda acreditam no felizes para sempre, e não porque sejam cínicos, mas porque conhecem bem o contrato que estão assinando: com exigência de exclusividade vitalícia, ou seja, ninguém entra, ninguém sai. Difícil achar que isso possa dar certo nos dias atuais.

O casamento vai acabar? Nunca, mas vai continuar a fazer muita gente sofrer se não entrarem cláusulas novas nesse contrato e se as cabeças não se arejarem. Danielle Mitterrand diz o seguinte: "Achar que somos feitos para um único e fiel amor é hipocrisia, conformismo. É preciso admitir docemente que um ser humano é capaz de amar apaixonadamente alguém e depois, com o passar dos anos, amar de forma diferente." E termina citando sua conterrânea, Simone de Beauvoir: "Temos amores necessários e amores contingentes ao longo da vida".

Estamos falando de casamento aberto, sim, mas não desse casamento escancarado e vulgar, em que todos se expõem, se machucam e acabam ainda mais frustrados. Casamento aberto é outra coisa, e pode inclusive ser monogâmico e muito feliz. A abertura é mental, não precisa ser sexual. É entender que com possessão não se chegará muito longe. É amar o outro nas suas fragilidades e incertezas. É aceitar que uma união é para trazer alegria e cumplicidade, e não sufocamento e repressão. É ter noção de que a cada idade estamos um pouquinho transformados, com anseios e expectativas bem diferentes dos que tínhamos quando casamos, e quem nos ama de verdade vai procurar entender isso, e não lutar contra. Sendo aberto nesse sentido, o casal construirá uma relação que seja plena e feliz para eles mesmos, e não para a torcida. E o que eles sofrerem, aceitarem, negociarem ou rejeitarem terá como único intento o crescimento de ambos como seres individuais que são.

Enquanto não renovarmos nossa idéia de romantismo, continuaremos a bagunçar aquilo que foi feito apenas para dar prazer: duas pessoas vivendo juntas. Eu não conheço nada mais difícil, mas também nada mais bonito. E a beleza nunca está nas mesquinharias e infantilidades. A beleza está sempre um degrau acima.

(Martha Medeiros)