A idéia desse Blog é trocar experiências e discutir sobre as questões raciais e de gênero e tantos os tipos de discriminações existente nessa sociedade de opressores e oprimidos.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Agradecimentos...
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
QUE HOMEM REALMENTE GOSTA DA MULHER PRETA NESSA SOCIEDADE!?
“Realmente fico me perguntando se tem homem nessa cidade que goste de mulher preta. Pergunto-me e só vejo que a pergunta faz sentido quando estou do lado das irmãs de cor. Quando dialogo sobre o assunto com as amigas brancas, em geral, a coisa fica no tom do "isso é coisa de sua cabeça". Mas não é não. E também nem tudo é da área do "quando você se sente bonita as pessoas te notam". Não é só isso...”.
(
Mônica Santana).
Relendo esse desabafo da Mônica fiquei pensando em quantas de nós, irmãs pretas, tivemos essa sensação de “Não Lugar” durante a nossa vida? Quantas de nós lutamos diariamente contra as feridas provocadas pelas manifestações do racismo em nossa auto-estima? Quantas de nós já choramos diante do espelho nos sentindo feias, desejando ter nascido como as princesas dos contos de fadas? Quantas de nós já se perguntaram qual é o nosso lugar nessa sociedade? Como somos vistas, entendidas, compreendidas e amadas pelos homens dessa sociedade?
Faço meus o desabafo da Mônica: “Será que tem homem nessa sociedade que goste realmente de mulher preta?” Sei que muitos que lerem esse texto acharão que o que eu escrevo é exagero. Mas quando questiono se existe homem que realmente goste de mulher preta nessa sociedade me refiro ao gostar de forma simples e pura. Um gostar que não nos faça sentir mercadoria barata ou um pedaço de carne. Um gostar que não seja baseado na reprodução das visões estereotipadas
que há século nos rotula como objetos sexuais , ótimas amantes, submissas a todos os tipos de violência e exploração. ...Associando-nos a palavras do tipo: excitação, desejo, paixão, atração, promiscuidade, casualidade, diversão, descompromisso...
Quantas de nós, mulheres pretas, ao conhecer um cara, seja ele branco ou preto, não se perguntou se ele se aproximou apenas para uma transa rápida e nada mais? Quantas de nós já não se sujeitou a tentar manter um relacionamento que nos violenta emocionalmente por acreditarmos que jamais teremos coisa melhor? Quantas de nós já ouvimos frases do tipo:
“Gosto de você, mas não vou largar minha namorada ou minha esposa...”
“Gosto de você, mas ninguém pode ficar sabendo que estamos juntos...”
“Gosto de você, por que você é muito gostosa...”
“Gosto de você, mas não quero ter filhos com você, nem vou te assumir...”
“Gosto de você, mas nesse momento não quero relacionamento serio...”
“Gosto das mulheres pretas, porque elas são mais fogosas na cama...”
“Gosto das mulheres pretas, pois elas possuem essa cor do pecado... esse gingado...”
“Gosto das mulheres pretas, pois elas possuem uma beleza exótica que me atrai”
E dessa forma Muitos dizem que Gostam das mulheres pretas.... Essa é nossa realidade, independente se estamos entre homens brancos ou pretos, machistas ou politizados, do senso comum ou dos movimentos sociais... Percebemos, com tristeza, que apesar dos discursos lindos, nossa realidade continua estereotipada.
Como diz Gislene Aparecida dos Santos em seu livro: Mulher Negra, Homem Branco -Um estudo sobre o feminismo negro “Nem todas as mulheres pretas (gatas borralheiras dessa sociedade) poderão vira cinderelas... Algumas serão as Irmãs más que mesmo se mutilando (mudando suas características físicas e psicológicas em um ato desesperado de aceitação social), jamais serão escolhidas pelos príncipes encantados...Seja ele Branco ou Preto....
" Muito interessante o seu texto, eu penso muito sobre isso. Algumas pessoas não entendem pq eu não tenho um namorado/marido e eu respondo que eu não aceito certas submissões que a mulher é obrigada a passar e com a negra é pior... apesar que vejo muitas delas não vendo isso pra continuar num relacionamento." (Rosangela - blog- Negra Rosa, Rosa Negra
)
Também
me sinto assim, sempre fui muito insegura em me relacionar, sempre me achei feia, alisei meu cabelo por 10 anos, até que conheci meu namorado, com uma atitude progressista, um homem negro aparentemente crítico...Que me ajudou a me assumir como negra, a transar e a soltar meu cabelo crespo... Até que descobri que eu era secundária, eu fraguei ele com sua namorada branca, que ele se recusou separar.... Sinto-me hoje, confusa, pois não sei com quem me relacionei. Sinto-me também usada, e insegura para confiar em alguém que goste de mim de fato. Ser mulher, negra e crítica é um ato cotidiano de coragem. Rompi meu relacionamento com ele e sinto que encontrar alguém que nos reconheça enquanto mulheres negras é uma raridade...""O que vc diz é totalmente certo. Já me senti desta maneira muitas vezes, como um peixe fora d'água. namorei vários brancos durante minha adolescência pq nehum negro olhava pra mim. e esses brancos, nunca me levavam a sério, não me assumiam perante amigos e familiares. somente depois de muito tempo, qdo comecei a frenquentar "lugares só de negros" é q comecei notar uma diferença. eu chamava a atenção de negros e comecei a namorar negros. eu ouvia muitos discursos q diziam "q mulher de verdade é mulher preta", "só gosto de mulher preta", mas a conotação é sempre sexual. mas, essa é uma questão difícil. pq não só envolve o racismo, como tb o machismo q qualquer mulher enfrenta. as dúvidas são muitas. mas, uma coisa é certa: o racismo é um fator q dificulta muito a mulher negra de se realizar afetivamente".
Bjs
(Belezas de Kianda)
"É difícil, sei como é, trabalhei durante 15 anos como professor de jovens carentes da comunidade, jovens infratores e presas da penitenciária do Butantã,e até eles que vem de uma comunidade humilde não gostavam de assumir suas origens, mas também não só eles, tenho vários amigos que dizem que sou racista, mas é porque eles não conhecem a história e só pensam no seu bolso, faço um trabalho de conscientização diário, sempre mostrando para eles o que o mundo é, de verdade, preconceituoso e cruel. ò eu adora negas..."
(Vair Trindade)
" problema não está na cor da pele!... Note bem Menina Linda e Jovem!... Cria-se preconceitos em tudo!... Na verdade, quem vive em um país onde o ser humano é reconhecido pelo que tem, adeus preconceitos!... Rico não casa com Pobre!... Jovens com 21, 23, 27 anos, não se unem com homens com mais de 50 anos... Entretanto, Moça Linda!... No triste mercado do sexo, as MULHERES DE TODAS AS CORES E BELEZAS têm um preço para entregar-se ao prazer de um homem de QUALQUER COR DE PELE!... Conquiste o seu espaço, torne-se DOUTORA!... ENRIQUEÇA e verá você, Moça Linda!... Que, quem fala alto em nome do AMOR é o DINHEIRO!..."
(Raimundo José Evangelista da Silva)
"Axebaba, Sou Ativista e Linha de Frente de Etnia Negra, Lider e para isso tive que estudar muito, nas instituições de ensino que passei fui sempre uns dos primeiros. Leio muito, prefiro mais os(as) escritores(as) parecidos(as) comigo (Pretos(as)).Adorei o Blog,"PARABÉNS" Li tudo e todos os comentários. Ninguém colocou a importância de estudar se formar ou ter alguma profissão. "Estudo é Escudo" e a nossa "Mente" é a melhor arma. Eu sim casei com uma Mulher Negra mestiça(pele clara), me separei e casei com outra Negra de pele mais escura que a primeira. Todas com formação acadêmica e sem consciência negra. Sou de pai e mãe negros(não tinha consciência negra). Minha Consciência Negra foi com muito estudo e eventos. Sei que as Mulheres Negra sofrem muito mais que os Homens Negros, por isso elas têem que raciocinar e estudar muito mais também, contra esses preconceitos. Aqui em Tatuí São Paulo com 30% de Etnia Negra e não conheço nenhuma mulher negra como exemplo forte de luta e Consciência, elas reclamam de homens negros, e valorizam mais homens brancos, nas academias e clubes que dou aula, não vejo mulheres negras se cuidando somente as brancas. Agora onde tem pagode, festas com bebidas sim existem muitas mulheres negras. Gente estudo é escudo, leia Malcolm X, Negras Raízes,O Segredo, Prosperidade. Axebaba Professor e Pedagogo MESQUITA".
("Saúde Pura" * Prof. Mesquita)
"Parabéns pra vc que é branco e foi capaz de assumir seu amor por uma mulher negra, e constituir família com ela! Mas de fato, nessa sociedade, assumir a negritude já é uma luta e quando se trata de mulher e preta...a luta é muito maior! Posso falar com propriedade, afinal sou mulher, preta e nordestina! Pode ser babaquice mesmo, pra você que não sente na pele ainda...mas talvez os seus filhos passem e aí vc entenderá! É por isso que hoje discutimos para que os nossos tenham um futuro diferente! Mas voltando ao tema abordado, percebia isso desde o ensino primário, em que como toda menina me apaixonava, e notava que somente as garotas de pele clara e cabelos lisos conquistavam espaço! Inclusive em concursos de Rainha...ou MIss! Nem pra Rainha do milho as negras eram escolhidas (e olhe que éramos minoria, num colégio de classe alta de Salvador).Ou seja, os homens criam isso desde a infância, talvez pelos contos de fadas que lhes sao apresentados. E já na fase adulta, passei por uma situação, em que eu e uma amiga tínhamos um relacionamento com jovens negros de classe alta. As frases eram: "O seu estilo é massa! Eu gosto tanto de vc! É tão bom estar com vc!"- Conheceram o que era samba de verdade, som de tambor! Mas incrivelmente quando os relacionamentos ganharam mais força (já estávamos juntos há 1 ano), eles resolveram 'dar um tempo', pq não estavam prontos p encarar uma relação! E o mais engraçado, logo depois começaram relacionamentos com meninas brancas, de cabelos lisos. Nos sentimos usadas, e por um tempo nos questionamos se éramos feias por ter cabelos blacks, irmos à sambas e sembas! Mas não, percebemos ao longo que não somos únicas, temos muitas outras irmãs de cor que passam por isso. Então negona...ser mulher e preta numa sociedade machista e preconceituosa, não é brinquedo não!" Sorte, força e coragem pra vcs!
(F.N)
"Fui tentada a comentar... Salve Pretinhas e Pretinhos!!!
Conversa muito complexa, mas que faz parte do cotidiano das mulheres pretas.
Será que nós mulheres pretas somos feias? Será que homens pretos são cegos? Será que os brancos são realmente melhores? Será que o amor interracial existe mesmo? Será que vou morrer sozinha/solteira? Será que tenho que enfraquecer meus cabelos? Será que tenho que me sujeitar aos costumes e tendências dessa sociedade? PARA TODAS ESSAS PERGUNTAS MINHA RESPOSTA É: NÃO! NUNCA! NÃO ACEITO E NUNCA VOU ACEITAR!!!
Sou uma princesa preta e tenho muito orgulho, muito orgulho de ser preta, apesar de ser um pouco menos melaninada que muitas princesas e rainhas pretas. Mas nunca me sujeitei as tendências da sociedade branca. Sempre NAMOREI homens pretos! E sempre vou está ao lado de um homem preto! Já passei muito tempo sem alguém, mas não me relacionei com homens brancos por falta dos homens pretos. Realmente muitos homens pretos têm preferência por mulheres brancas, isto é fato! Mas eles as preferem pq acham suas mães, avós, tias e irmãs feias. Possuem vergonha delas, por isso não tem coragem de assumir uma pretinha. Pq aquele homem preto que nunca namorou uma mulher preta, nunca deve ter olhado verdadeiramente para o rosto das mulheres de sua casa. Dessa maneira nunca desejará uma mulher preta ser um Baobá!
Lógico que preferências e gostos existem, alguns gostam de rosa outros de azul, particularmente eu gosto de PRETO em todos os sentidos! Não vejo o homem branco ou a mulher branca melhor em nada, nem mais atraente com sua palidez. Não entendo como as pessoas pretas podem sentir atração por aqueles descendentes de senhores de escravos, assassinos, estrupadores e por ai vai... Aqueles que sequestraram os pais de meus bisavos. Pretinhas, proponho que observem as mulheres brancas nos locais que frequentam e as mulheres pretas que assumem sua pretitude. As mulheres brancas são diferentes? As mulheres pretas são iguais? Amor e valorização são construções. E além de tudo respeito aos ancestrais e aos descendentes! Agradeço a YAH por ter nascido em uma família de militantes pretos que me ensinaram o que é ser preta e como agir/viver como preta! Se o príncipe/rei preto ainda não chegou... Não se misture! Espere, observe onde vc anda, com quem vc anda e desperte a consciência das pretinhas e pretinhos que andam c vcs! O príncipe pode está bem pertinho! Pretinhas... vcs são lindas, SÃO RAINHAS E PRINCESAS! São PRETINHOSIDADES! Não se deprimam quando encontrarem homens pretos com mulheres brancas saibam que ali existe um jogo de interesse para o HOMEM PRETO o STATUS e para MULHERES BRANCAS o OBJETO SEXUAL. Amor puro e verdadeiro só existe com os seus semelhantes!"
(A.F.)
"Essa questão é recorrente e sempre dá pano para manga..., vou bater no mesmos pontos que sempre bato :
1- Antes de sermos negros ou brancos, negras ou brancas... somos homens ou mulheres..., por tal motivo estamos sujeitos á atração física e emocional por e com qualquer pessoa da espécie humana, não existe "obrigação real" de se relacionar apenas dentro mesmo grupo, a endogamia (relacionamento exclusivo dentro do mesmo grupo-étnico-racial) é artificial e sócio-culturalmente construida (tanto para brancos como para negros).
2- O contexto histórico colocou a mulher negra na mais desprivilegiada das posições da hierarquização social, isso é um fato, mas pode ser mudado..., primeiro atacando o problema comum a todos (o racial) depois o de gênero), não adianta querer inverter essa ordem ou apenas trabalhar na questão da mulher negra, enquanto TODAS PESSOAS negras não forem respeitadas e igualitárias, as mulheres negras permanecerão na mesma...,é preciso "desarmar" a prática de ataque sistemático de mulheres negras contra o homem negro prioritariamente (até porque não foram os homens negros que por quase 5 séculos tem criado e mantido essa situação de exploração, desvalorização e violências contra a mulher negra...) .
3- É sabido (dados do IBGE)que 80% dos brancos casam com brancas, os outros quase 20% com "pardas clarinhas", está na hora das mulheres negras (principalmente as pretas)que ainda pensam em "príncipe encantado" entender que eles praticamente não existem e que estatísticamente não serão brancos..., homens gostam de mulheres, se as negras (principalmente as mais bonitas e/ou bem colocadas) pararem de "idealizar" e abrirem espaço, perceberão que homens negros bem interessantes poderão aparecer; se hoje os negros nem "chegam junto" é porque a maioria "sabe" que as chances de ser "esnobado" por uma negra e "receber condição" de uma branca é de quase 100% .
4- A endogamia é um direito, se puder ocorrer naturalmente é ótimo (e ocorre, senão nós pretos não estaríamos aqui, nossos pais e mães fizeram , não ?), mas à medida que avançamos socialmente e saìmos dos "guetos" essa condição vai reduzindo, ou flexibilizamos ou teremos grandes dores psicológicas ou solidão como demonstrado no texto respondido.
Amar ou ser amado(a) por não-negros não nos retira a condição de negros, muito menos a dos nossos filhos...(ok talvez a de pretos, mas não a de negros...), vamos buscar a felicidade pessoal mas sem esquecer de combater o racismo e desigualdade coletiva que é o que interessa."
(Juarez Silva - Manaus)
"Sou preta e no meu relacionamento de 3 anos jamais me senti como objeto. Acho que sou uma felizarda. Espero que vocês, mulheres que se sentem prejudicadas, encontrem um homem que as ame não pela cor, mas pelo seu caráter! O que não cabe mais é o discurso de vítimas em tudo! Não devemos pensar que os negros que namoram brancas ou vice-versa, estão renegando suas origens ou deixando de lutar pela igualdade! O que me parece, aliás, é que a maioria não quer igualdade, mas sim, superioridade, pelo gostinho de 'dar o troco.Beijos!"
(Anônimo)
"Eu ao meu modo nnão acho certo reproduzir o conto de que negros não gostam de negros e sim que onde ha diferença pode haver discordância. Acredito que a empatia precede o precede o preconceito assim o não gosta do outro se resumi verdadeiramente ha alguns traços que pelo primeiro contato. Quem já carrega consigo um padrão de beleza e coloca cor, altura, classe social, ou qualquer outro modo de diferenciação não carrega o bom censo e sim um pensamento feio e arcaico. Por outro lado dizer que o homem negro não trata suas negras com rainha é porque desconhece relacionamentos entre negros que deram certo e olha que não são poucos. Acredito que o homem seja ele ou branco de forma machista ou de auto-proteção prefere as mulheres mais frágeis no sentido de serem mais submissas e dóceis, e nesse quesito a mulher negra é muito mais firme que as brancas ou pelo menos demonstra mais que não cedem e tem mais pulso no relacionamento. Assim covardemente o "homem" seja ele branco ou negro prefere a mulher "mais frágil".
(Anônimo)
"Discutir negro, branco, raça, preconceito e cota é babaquice? Putz, depois de um relato/desabafo postado pela preta, babaquice mesmo é não discutir e usar o termo "Amor" como neutralizante, não ajuda em nada. Só atrapalha!!"
(Fabio Emecê)
"Sou mulher, negra, inteligente e crítica.Sou casada com um homem branco que me valoriza como mulher, mãe, esposa e amante.Ele sempre diz que nunca parou para pensar se estava casado com uma negra ou branca, mas com a mulher pela qual se apaixonou.Percebo o olhar de desaprovação das pessoas, principalmente homens e mulheres negros,que me olham com uma certa estranheza. Devem pensar:" o que ela tem de especial? por que ele está com ela? Tem coisa aí." MAs não me intimido e os encaro com altivez. É lamantável, mas o homem negro consegue ser mais cruel com a mulher negra que o branco. Será que esquecem que suas irmãs passam pelo mesmo sofrimento? Não acredito em contos de fadas,acredito sim, no encontro entre duas pessoas que decidiram se amar independente da cor da pele. Passei e passo por muitas situações de preconceito mas vou lutando contra o olhar castrador dos que dizem sem palavras: o que está fazendo aqui? Este não é o teu lugar.E respondo com um olhar libertador e desafiador: Este é o meu lugar sim, eu o conquistei,se te incomodo saia você. Se alguns homens , brancos ou negros, não nos querem, azar deles. Devemos nos importar sim, com homens que nos valorizam como mulher, como negra e principalmente como ser humano."
(Luisa Ribeiro)
"Concordo com o comentário acima! Respeito acima de tudo. Sou negra e meu namorado é branco, me ama e me respeita acima de tudo. Acredito que toda essa questão de "homem que goste de mulher negra" inicia pelas próprias mulheres. Nunca me senti diferente ou menor que nenhuma outra, independente de cor. Concordo que vivemos em uma sociedade preconceituosa, que desfavorece a minoria. Contudo se o sentimento de menor valia inicia com você mesmo, somente é prejudicial a você. Se você (quando digo você é no geral) que é uma mulher negra sente-se desvalorizada, usada e coisas do tipo, somente pela cor de sua pele, é uma pena, pq para mim a cor da minha pele e minha origem é o que me valoriza! O sentimento de não aceitação, de não ter espaço é somente seu. Conheço mulheres lindas, brancas, com alto poder aquisitivo e que encontram-se nesta situação, de não se sentirem valorizadas, de serem a outra, ou seja, isso não é uma condição da MULHER NEGRA, é uma condição social FEMININA. A questão é não se sujeitar a isso"
(Anônimo)
"Parabéns pelo seu texto, em sabias palavras você disse o que muitas mulheres negras, inclusive eu pensa , mas posso ressaltar que homens estrangeiros dão mais valor a mulher negra , do que homens brasileiros".
(Tatiana)
"Para Janaine Natura!
li seu comentário e muito me fez pensar. Existe mulheres machistas? Se vivemos em um mundo machista porque as mulheres seriam imunes a isso? Só que as mulheres que são machistas, na verdade são vítimas da opressão que pesa sobre elas, não o são porque realmente acreditam isso e sim porque foram criadas "recebendo" tal tipo de informação que coloca as mulheres nesse local de submissão e de menos valor comparado ao homem. A questão racial também não é diferente, nós negras(os) somos criados em uma sociedade que diariamente nos indica um lugar e que esse lugar representa as margens, o submundo, a violência, a feiura, enfim, crescemos ouvindo que nosso cabelo é ruim!! Quer maior violência do que esta a uma menina que ao mesmo tempo que cresce tem sua auto-estima reduzida a nada. Essa foram de violência subjetiva e objetiva a que a população negra no mundo foi submetida resultou numa série de problemas que hoje buscamos corrigir, e essa correção só é possível porque resistimos secularmente a este lugar desfavorecido o qual tentam nos colocar. Enquanto a cor da pele for uma maneira de qualificar caráter e demais características subjetivas não é "babaquice" discutirmos a questão racial. Não é porque "sou branco(a) casado com negro(a)" que estou isolado do mundo racista que me cerca, caso não discuta isso com meus filhos mestiços, o pensamento racista ainda prevalecerá, porque só posso combater o que enfrento e desvelo, como discutir e desnaturalizar as relações raciais. Os altos índices de pobreza que incidem sobre a população negra não devem ser explicados simplesmente como desigualdade econômica, é preciso desvelar os mecanismos de exclusão "invisíveis" que incide sobre esta população e que ainda é pertinente que falamos em racismo, se ele ainda persiste, faz sentido falarmos em raça sob a perspectiva de uma realidade social, nada comparado aquela ideia de raça do século XIX, e sim como resultado dela."
(Kelly Moraes)
"Bem incialmente quando nós, homens, vemos uma mulher somos atraídos pelos dotes físicos, seja ela negra ou não, bonita ou não, tudo é uma questão de gosto, se está enquadrado no perfil que me atrai ótimo eu vou tentar algo. É claro existem os acéfalos que são conduzidos pelo que a mídia impõe ou tem uma baixa auto-estima e acham que vão ser bem vistos pela sociedade ao lado de uma pessoa que se enquadra em um estereótipo ( todos sabem de quem eu falo ). A imagem vendida não só aqui no Brasil, como principalmente no exterior sobre a mulher negra é que ela é submissa, onde ela é só corpo, onde ela é mulher apenas da porta de casa pra dentro e não para a sociedade, infelizmente desde os primórdios é demonstrado isso. Mas já pararam para pensar no conteúdo, muitos homens veêm isso para iniciar um relacionamento, todos sabem que aquele corpo lindo e formoso não durará para sempre e então ficará o conteúdo, o conhecimento e apenas isso que restará. Quandos vocês falam que homem negro bem sucedido procura mulher branca, estão generalizando e associando todos nós com jogadores de futebol, pagodeiros e artistas. Para um relacionamento tem q ter mais que aparência, deve haver conteúdo; dificilmente um relacionmento voltado para aparência persiste, quand vc tem a beleza e mais o conteúdo e a pessoa do outro lado tem sagacidade pra perceber isso ela agarra com unhas e dentes, não deixa escapar."
(BOMBATTA)
"Sinceramente, ao ler essa discussão fico com a impressão que aí ter vários temas misturados e que são muito complexos para serem tratados como sendo uma só coisa. Nos relatos colocados aqui, várias pessoas colocaram o relacionamento entre negros (homens) e brancos (mulheres) como algo bastante comum e conhecido nas suas experiências próximas. O relacionamento, então, dos homens (branco ou negro) com as mulheres (brancas ou negras) é que está em questão. Quantas de nós, mulheres pretas, ao conhecer um cara, seja ele branco ou preto, não se perguntou se ele se aproximou apenas para uma transa rápida e nada mais?. Não tenho dúvida de que isso é um tema comum à mulher na sociedade. Essa é uma questão de gênero, não de raça. Não sou negra, mas sou mulher e também sinto "na pele" os efeitos de ser mulher numa sociedade regida por valores e morais que têm como base o masculino sobre o feminino. Até gramaticalmente temos que nos adaptar a uma realidade onde, se há um único homem entre mulheres, deixamos de ser "as" e ficamos implícitas em "os"...
(Anônimo)
"Muito bom seu texto. Eu percebo isso na escola, como minhas alunas negras são tratadas e preteridas pelos garotos, negros ou brancos. Enquanto mulher também tive meus problemas, mas percebo que só quem carrega na pele é que pode dizer, minha mãe, pele preta, poderia dizer bem mais do que eu. Um grande abraço e vamos na luta contra o machismo"
(Profª Janaína Mont)
"Nossa, muita treta né...
Pensamo isso um pouquinho aqui: NOSSO JORNAL 2ª edição, Suplemento "Mulheres Negras"
=> http://verd.in/b1vn"
(Nátalia Maria Alves Machado)
roupa...alguem pode explicar isso?"
terça-feira, 2 de agosto de 2011
domingo, 10 de julho de 2011
BALANÇANDO SOB A LUZ DO SOL: STRESS E MULHER NEGRA
Balançando sob a luz do sol, a melancolia há de esmorecer. Balançando sob a luz do sol, as lagrimas hão de secar. Quando as mulheres negras foram trazidas à força para o litoral americano, sendo escravizadas e mais maltratada do que gado, elas trincaram os dentes e, decididas a sobreviver em seu destino, deram a luz ao blues, a melancolia. Desde então, todas as mulheres afro-americanas têm procurado uma cadeira de balanço e a luz do sol para espantarem suas tristezas...
Você já se perguntou alguma vez por que tantas mulheres negras parecem sentir raiva? Ou por que caminhamos como se carregássemos tijolos nas nossas bolsas e fossemos golpear e maldizer uma amiga simplesmente por ter derrubado um chapéu? Isso acontece por que o stress é a bainha das nossas roupas, esta grudado aos nossos cabelos, impregnado em nosso perfume e pintado em nossas unhas. O stress vem de sonhos adiados, de sonhos reprimidos; vem de promessas não cumpridas, de falsas promessas; vem de sempre estarmos por baixo, de nunca sermos consideradas bonitas, de não nos valorizarem, de tirarem vantagem de nós; vem de sermos mulheres negras na America Branca. Por quanto tempo você acha que pode prender a respiração sem ser asfixiada? Sim, as mulheres negras se suicidam!
Nós nos matamos quando paramos de sorrir; quando tomamos drogas para abafar a dor de ser negra; quando, no desespero de ter “alguém”, permitimos que nosso companheiro ou companheira nos violente física e mentalmente; quando permitimos que privilégios de classe, renda, cor, aparência ou preferência sexual nos dividam; quando mês após mês choramos sozinhas sem ter com quem desabafar. Estamos estressadas. O stress conduz de tal forma as mulheres negras à loucura que nos tornamos especialistas em camuflar nossas angustias.
Nós que inventamos o blues e cantamos canções que nos aqueciam como toalhas quentes, precisamos encontrar cadeiras de balanço; e precisamos encontrá-las já! Deixe que aquela cadeira de balanço faça às vezes de um beijo de uma amiga, um abraço, um aperto de mão, um jantar improvisado, um cafezinho, um ouvido atento, um caminhar lado a lado ou um conselho não solicitado... As mulheres negras se conhecem bem; devemos ajudar umas as outras e dar continuidade ao nosso balançado.
Opal Palmer ADISA
(Escritora e autora de vários livros de contos e poesia.
Nasceu na Jamaica e atualmente vive em Oakland, Califórnia).
sábado, 25 de junho de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
sábado, 14 de maio de 2011
ATIVANDO A MEMORIA
A lei n.º 3.353, de 13 de maio de 1888:
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Na data de hoje me silenciei diante do mundo que me cerca e voltei ao passado. Não ao passado dessa data
Na data de hoje silencie-me para me lembrar dos que Gritaram, Rebelaram-se, Fugiram, Suicidaram-se, ou buscaram força nessa liberdade de espírito através do choro cantado do Blues ou dos gritos dos atabaques. Voltei há esse passado... Um tempo histórico que não é linear e que me permite sentir parte disso. Voltei a esse momento. Um período sem Reis, Rainhas, Príncipes ou Princesas... Mas cheio de Guerreiras e Guerreiros que lutaram (alguns ate a morte) em em nome do verdadeiro significado de LIBERDADE.
E é em nome desses Homens e Mulheres que me conecto em pensamento, sentimento, orgulho e respeito na data de hoje. Pessoas sem nomes, sem historias contadas em livros, sem rostos registrados em nossa memória. Mas, mas que lutaram em busca da nossa LIBERDADE! Lembrando um Trecho do Poema "Diáspora" de Roberta Estrela D'alva:
" (...)Zumbi dos Palmares, Patrick Lumumba,
Jorge Ben,
Amílcar Cabral, Luiza Mahin,
Luis Gama, Malcon X,
Mano Brown, Tim Maia,
Ângela Davis, José do Patrocínio,
E James Brown,
Marthin Luther King, pastor na vida e na morte (...)
Abolicionistas, guerrilheiros, lutadores, guerreiros, quilombola
Esquecer Jamais!! Por isso:
sábado, 16 de abril de 2011
quinta-feira, 14 de abril de 2011
domingo, 3 de abril de 2011
MAURICE KIRYA
quarta-feira, 30 de março de 2011
domingo, 20 de março de 2011
terça-feira, 8 de março de 2011
NO DIA DAS MULHERES UM OBRIGADA A ELES....
Fiquei pensando no que escrever nesse dia. Talvez reforçar as muitas mensagens de repudio ao fim da violência contra milhares de mulheres em todo o mundo. Ou talvez relembrar através de dados estatísticos o índice de desigualdade entre homens e mulheres e o quanto ainda somos vitima do machismo e sexismo. Pensei em escrever referente ao nosso direito de decidi sobre o que fazer com nosso corpo ou então escrever sobre as grandes mulheres que fizeram historia lutando por igualdade de gênero. Enfim tantas coisas para se falar no dia de hoje.
Mas mesmo sabendo que há muita luta pela frente (ainda mais para nós, mulheres pretas) decidir fugir a regra de reivindicações. Hoje venho homenagear a ELES... Homens que apesar da forte pressão machista se mostram diariamente companheiros de luta e de vida. Acabamos por conta de nossas reivindicações lembrando demais dos nossos opressores... E esquecemos falar dos nossos companheiros.
Considero-me uma Mulher de sorte, pois sou cercada de exemplos de homens parceiros e companheiros... Homens que são sensíveis as nossas dores e lutas.
Venho nesse dia dedicado a nossa luta contra a opressão agradecer a todos Eles... Companheiros, pais, irmãos, filhos, parceiros de debates, amigos, amores. Obrigada por nos mostrarem que é possível haver mudanças. Quem bom que toda regra tem sua exceção e eu tenho muitas exceções a citar. Dedico a vocês homens especiais na minha vida, essa singela homenagem. Obrigada pela força que me faz continuar nessa luta diária.
Para não fugir a regra, deixo aqui minha humilde homenagem a todas nós, MULHERES, de fibra.
BENDITAS MULHERES
Benditas essas mulheres da minha terra.
Que trazem as faces açoitadas
Pelos chicotes dos anos
Benditas essas mulheres da minha terra
Que ostentam com orgulho e brilho
As mãos fortes pro trabalho
E as faces coradas de seus filhos
Que abrigam num só regaço,
Dos filhos a energia infinita,
Dos maridos infinitos cansaços.
Guerreiras silenciosas,
Misto de espinhos e rosas.
Sem murmúrios, sem lamentos,
Cada qual com sua cruz.
Rochas parindo água,
Treva parindo luz.
Em um dia de bendita magia
Numa explosão de luz e flor
Num parto sadio e sem dor,
É capaz, bem capaz
Que uma mulher de minha terra
Consiga parir a paz!
(autor desconhecido)
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Quero pedir desculpas a todas e todos que seguem esse blog pela ausência. Acho que nunca passei tanto tempo se postar nada. O intuito desse blog nunca foi fazer um diário da minha vida, mas acho que devo algumas explicações. Meu ano começou cheio de mudanças.... Usando a idéia da frase de Knowlton:
” Tomei fôlego emocional, dei alguns passos a trás e lembrei e relembrei de quem é realmente responsável por minha vida...”
Novo emprego, novos desafios, novos trajetos, paisagens, janelas e olhares.... Estou tentando seguir o conselho de uma pessoa muito querida que sempre fala que eu preciso deixar de querer explicar coisas feitas para sentir.
Então foi isso! Precisei sentir essa minha nova fase para saber como encarar os novos desafios. Mas agora estou de volta, com um texto que foi escrito por sentidos.... Um grito em forma de palavras. Espero que gostem.
Bjs da Preta.
REZO TODOS OS DIAS....
Rezo todos os dias. Nunca fui religiosa, mas rogo a Deus, aos Deuses, Santos e Orixás para que me protejam. Enquanto rezo caminho a passos rápidos e desconfiados com medo do desconhecido que muitas vezes dorme ao lado. Sei que faço uma prece egoísta, pois tenho consciência de que enquanto agradeço pelo retorno para casa, livre de todos os males, outra Mulher, que também rezou por proteção não teve suas preces atendidas.
Até quando teremos que rezar para que um estranho não se veja no direito de apropria-se do nosso corpo? Até quando teremos que nos considerarmos sortudas por conseguirmos voltar para casa sem sermos violentadas, espancadas, desrespeitadas ou mortas pelo caminho? Que igualdade é essa que não nos permite decidir o que fazer com nosso corpo? Que nos condena pela forma que nos vestimos, falamos, ou agimos, muitas vezes justificando um ato de violência?
Hoje chorei ao pelas milhares de companheiras vitimas dessa sociedade machista e sexista. Chorei por todas aquelas que não conseguiram chegar a suas casas. Por todas aquelas que não se sentem seguras nos seus lares, vitimas de seus companheiros, pais, padrasto, irmãos e tantos outros opressores que ao invés de serem parceiros tornam-se inimigos.
Hoje lamentei por me sentir grata por não ter entrado para a estatística de mulheres vitimas de violência a cada minuto. Senti-me traidora por esquecer que outras não tiveram a mesma sorte. Senti-me culpada por não conseguir lutar com mais força para ajudar aquelas que perderam o poder do grito e calaram-se diante da opressão.
Hoje senti raiva por saber que também tenho medo do que possa me acontecer. Que a qualquer momento posso entrar para essa estatística. Que devo me preocupar o que estou vestindo, com o que digo, com o horário que ando pelas ruas (não importa se estou vindo da escola, do trabalho, da igreja ou de uma festa.), com o ego masculino que estou ferindo ao dizer NÃO... Tenho que me preocupar com o julgamento da sociedade que tentará me condenar pela violência sofrida. Hoje percebi que os fatores que podem me tornar mais uma na estatística não são controlados por mim.... Qualquer machista idiota se achar-se no direito de me ferir poderá fazer isso e muitas vezes terão respaldo na seguinte frase: Também.... Ela estava Pedindo!
Hoje rezei rogando a Deus, aos Deuses, aos Santos e Orixás para que eu possa viver em uma sociedade sem Opressão, para que todas nós, mulheres possamos sair pelas ruas sem medo de entrarmos para a Estatística das Mulheres vitimas de violência.
Amem!
(Preta...)