Mulheres pretas entendam: Não somos compostas de pernas e
quadril, beleza exótica a serem provadas. Não somos objetos sexuais. Não
nascemos para sermos amantes a viverem no anonimato. A exploração do nosso
corpo não é algo natural da nossa existência e a violência domestica que nos
atingem não faz parte da nossa essência. Não somos pedaços de carne barata.
Nossa pele escura, nosso cabelo crespo, nosso quadril largo, nosso gingado não
são motivo de vergonha. Somos mais que corpo... Somos inteligentes e merecemos
sermos tratadas com respeito, valorizadas e amadas, expostas como joias raras
ao sol. Devemos nos rebelar diante da exploração e da violência que nos cercam.
Enxergarmos que nossa beleza vai muito além que o padrão europeu estereotipado,
que são belas de corpo e alma, que falamos com nosso corpo e que é muito mais
do que um pedaço de carne de cunho sexual.
Não devemos acreditar que a pobreza que nos cercam é falta de capacidade, que nosso analfabetismo
foi uma decisão pessoal, nossas mão calejadas e nosso olhar sempre triste uma
opção, a morte dos nossos filhos e filhas fatalidades da vida, nossa condição
de subemprego, sobrevivência, subsistência o que merecemos, a panela vazia, o
barraco de madeira, a amargura diante dos filhos chorando um castigo divino, os
pés descalços, as roupas rasgadas, o lenço na cabeça, a magreza e as mazelas do
nosso corpo sinais de desleixo, a falta de perspectiva, a incapacidade de amar,
o desgosto pela vida, a paralisação diante da vida a nossa rendição.
(Preta_dss)