domingo, 16 de dezembro de 2012

Essa é a historia da Miryam ... Uma mulher preta que corajosamente resolveu compartilhar sua historia para que outras pretas possam entender como a racismo pode nos afetar. Muito obrigada por partilhar sua historia com a gente Miryam.


Olá preta, sou uma mulher negra e numa pesquisa sobre casais multirraciais encontrei o teu site, que estou a explorar agora mesmo. Quero antes de tudo dar-te os parabéns pelo blog e dizer que realmente gostei bastante das matérias, dos poemas, das reflexões e dos comments... Transmitem realmente aquilo que é a nossa vida, o nosso quotidiano em que nós, mulheres negras, lutamos constantemente para provar o nosso valor e ser reconhecidas, o que mostra que somos mulheres de garra e muito determinadas.
Tenho formas redondas, ancas largas, enfim, sou a típica mulher africana com tudo o que isso inclui em termos físicos, e acho que os homens só se interessam por mim pelo meu corpo, querem passar um bom bocado, querem ter prazer momentâneo comigo e se divertir, a primeira coisa que lhes vêm à cabeça são pensamentos lascivos. Sou abordada muitas vezes na rua, carros a buzinar, velhos e novos já me ofereceram dinheiro muitas vezes. Foi difícil quando me apercebi disso, queria ser normal e me perguntava: será que não sou uma rapariga interessante, será que o que conta realmente é só o meu corpo?  Às vezes sentia-me mal com o tamanho do meu bumbum, achava-o demasiado grande. Outras vezes desejava ter um seio mais pequeno.
Hoje em dia, com 22 anos e mais madura, sou mais confiante. Aprendi a gostar cada dia mais do meu corpo e a tirar partido dele, pois aquilo que Deus me deu de forma natural é o que outras mulheres pagam para ter. Faço step, workout e lifting e ginásio, uso roupas para exibir aquilo que tenho de bonito em mim. Me orgulho dos meus lábios grossos, da minha pele escura e do meu cabelo crespo. Sou gostosa mesmo, e daí? 
O meu valor não se limita a isso, e acho que cabe a cada uma de nós provar que a nossa cor de pele não define o que nós somos, há antes de tudo uma mulher dentro de nós que é isso mesmo, uma mulher, que merece ser amada e respeitada. Aprendi isso com o meu namorado e futuro marido, que me valoriza por aquilo que sou e me faz sentir a mulher mais amada do mundo, mesmo sendo uma relação à distancia (ele é polaco e eu vivo na França).
Não me canso de dizer que ninguém é melhor que ninguém e que não é por sermos negras que somos inferiores ou incapazes, mas a sociedade está assim estruturada e infelizmente é o que ela transmite. Mas não cruzem as mãos, não se conformem, não se submetam!!! Invistam na vossa formação e educação, refinem-se, maquilhem-se, sintam-se a vontade para entrar em qualquer loja de luxo e ver as novidades, acreditem que podem conquistar qualquer homem, que podem frequentar qualquer ambiente, e vir a ser o que bem entenderem neste mundo. Basta acreditar e fazer por isso! È o que eu tenho feito e vou continuar a fazer! 
Cheers from France,
Miryam

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

IMPORTANTE!!!


Olá pessoal!
Recebi um e-mail muito legal e eu achei interessante posta-lo, compartilhando com todos que contribuem com esse blog e também solicitar a opinião de vocês.

Olá,
Meu nome é Glenda Cristina Valim de Melo, sou pós-doutoranda em Linguística Aplicada, pela UFRJ, sob a supervisão do prof. Dr Luiz Paulo da Moita Lopes. Disponibilizo aqui os nossos currículos lattes para você ver quem somos: http://lattes.cnpq.br/6215257502502767 e http://lattes.cnpq.br/9443575304118422. Trabalho com o tema mulher negra, performances identitárias e teorias queer. È uma proposta de olhar o negro perpassando por gênero, sexualidade, raça, classe social e nível de escolaridade. Olhar estas categorias entrelaçadas e considerar as pessoas como sujeitos em eterna construção e em conflitos, mas que conseguem pela sua ação mudar sua realidade, mesmo que seja pouco.
Estava pesquisando blogs e encontrei o seu. Achei super legal, assuntos muitos interessantes e que fazem parte do cotidiano da mulher negra. Você esta de parabéns. Tenho acompanhado os textos, os comentários. Percebo que você aborda temas importantes para a sociedade e gostaria de analisar ALGUNS textos de seu blog. Você me autorizaria a analisá-los? 
Como é de costume nas pesquisas científicas e éticas, os nomes, as fotos ou qualquer indicação que identifique os participantes serão omitidos e/ou trocados. Comprometo-me a disponibilizar as revistas científicas em que os artigos oriundos desse estudo forem publicado. Penso que no mundo acadêmico, há muitas pesquisas sobre o povo negro, mas poucas são as que dão voz ao negro no espaço digital... E mostram a importância das diversas discussões que ocorrem neste espaço.

Muito obrigada e fico no aguardo de uma resposta!

Glenda Melo!

domingo, 23 de setembro de 2012

CONVITE

Parece que foi ontem que eu criei esse blog. De inicio um espaço onde pudesse expor minhas experiências, pensamentos e devaneios... O tempo passou e o que era particular virou coletivo... Descobri que existem tantas outras mulheres da pele preta que partilham da mesma dor, vivenciam os mesmos preconceitos e lutam pelos mesmos ideais. E como é bom perceber que não estou sozinha, que tantas outras, cada qual do seu jeito, gritam por seus direitos. Hoje o que era de Uma virou de Varias... Depoimentos, trocas de experiências, gritos... Companheiras unidas contra o racismo, o machismo e o sexismo que tanto nos oprime... E eis que em meio a esse coletivo de mulheres surgem companheiros que somam na nossa luta. Homens sensíveis a nossas dores, conscientes da necessidade de uma mudança, nos apoiando e contribuindo para por fim ao ciclo de violência e opressão que nos permeiam. Esse blog tomou uma dimensão que jamais imaginei e ao entrar nele e me deparar com tantos comentários percebo, muito feliz, que ele já não é meu... Já não é mais Eu, Mulher Preta... Assim como acontece com os filhos ele cresceu e virou do mundo. Hoje quando o leio o entendo como Nós, Mulheres Pretas! É por isso que resolvi postar esse texto convidando a todos e todas que tanto compartilham com ele a contribuírem com ele, como colunistas. Sei que a ideia é ousada, mas resolvi tentar. A ideia é transformar esse blog em uma rede de informações, onde cada um que se dispusesse a fazer parte dele escrevesse sobre o que mais se identifica e dessa forma pudéssemos montar um coletivo... Varias pessoas dispostas a lutar através da escrita. Então aqui fica o convite e quem tiver a fim de participar desse projeto, um tanto quanto desafiador, mande um e-mail para preta_dss@hotmail.com. Todos e Todas de qualquer lugar estão convidados. E desde já agradeço as muitas e muitos que seguem este blog.
Obrigada

Preta. 

domingo, 24 de junho de 2012

RECADO ÁS MULHERES PRETAS!!


Mulheres pretas entendam: Não somos compostas de pernas e quadril, beleza exótica a serem provadas. Não somos objetos sexuais. Não nascemos para sermos amantes a viverem no anonimato. A exploração do nosso corpo não é algo natural da nossa existência e a violência domestica que nos atingem não faz parte da nossa essência. Não somos pedaços de carne barata. Nossa pele escura, nosso cabelo crespo, nosso quadril largo, nosso gingado não são motivo de vergonha. Somos mais que corpo... Somos inteligentes e merecemos sermos tratadas com respeito, valorizadas e amadas, expostas como joias raras ao sol. Devemos nos rebelar diante da exploração e da violência que nos cercam. Enxergarmos que nossa beleza vai muito além que o padrão europeu estereotipado, que são belas de corpo e alma, que falamos com nosso corpo e que é muito mais do que um pedaço de carne de cunho sexual.  Não devemos acreditar que a pobreza que nos cercam  é falta de capacidade, que nosso analfabetismo foi uma decisão pessoal, nossas mão calejadas e nosso olhar sempre triste uma opção, a morte dos nossos filhos e filhas fatalidades da vida, nossa condição de subemprego, sobrevivência, subsistência o que merecemos, a panela vazia, o barraco de madeira, a amargura diante dos filhos chorando um castigo divino, os pés descalços, as roupas rasgadas, o lenço na cabeça, a magreza e as mazelas do nosso corpo sinais de desleixo, a falta de perspectiva, a incapacidade de amar, o desgosto pela vida, a paralisação diante da vida a nossa rendição.

(Preta_dss)

domingo, 13 de maio de 2012

Ser Mãe!


MÃE SABE POR QUE EU GOSTO DE VOCÊ SER NEGRA?
PORQUE COMBINA COM A ESCURIDÃO. ENTÃO QUANDO É DE NOITE, EU NEM TENHO MEDO,
... TUDO É MÃE E TUDO É ESCURIDÃO.
(JULIANO GOMES DE OLIVEIRA)





Ainda não sei o que é ser mãe, por enquanto ser mãe para mim é ser Rosalina
A minha Rosa linda da pele preta
Dos olhos cor de caramelo doce
Das mãos suaves trançando seus sonhos em na minha cabeça.