sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Há racismo no Brasil? pense um pouco.
Você já sofreu por causa do racismo?
Quantos negros e negras concluíram a Universidade? Quantos(as) são diretores(as) de empresas? Quantos(as) são parlamentares?

O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (Brasil) em parceria com o CANAL FUTURA apresenta um vídeo com falas de brasileiros e brasileiras sobre a condição do(a) negro(a) no Brasil. É um vídeo que trata das consequências de séculos de escravidão no Brasil. Um país que aboliu formalmente a escravidão em 1888, mas esta continua sendo marca real no país.

O vídeo postado "
Preto no Branco - NEM TUDO É O QUE PARECE (Racismo no Brasil)" pode ser utilizado em debates e em cursos onde a temática do racismo e do preconceito está presente

Preto no Branco - NEM TUDO É O QUE PARECE (Racismo no Brasil)

Preto no Branco - NEM TUDO É O QUE PARECE (Racismo no Brasil) from Universidade Livre Feminista on Vimeo.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Educando a minha dor do não saber: A chegada da sala

Ter sua primeira sala de aula é como ter o seu primeiro filho”.
Passamos toda a faculdade planejando, nos preparando e sonhando com o momento em que teremos uma sala só nossa. È toda uma gestação.

No começo bate o desespero: “O que estou fazendo nesse curso”?, “Será que é realmente isso que eu quero? “... Tantas informações, tantas incertezas e medos com relação ao futuro. Nada parece se encaixar.

Depois de um tempo as coisas já não parecem tão assustadoras.... E já aceitamos que seremos educadoras (infelizmente nem sempre essa consciência chega rápido). E como tudo passa depressa! Quanta mudança em tão pouco tempo... Amadurecemos, enxergamos coisas, passamos a entender melhor nossas antigas professoras e a lembrar com carinho de algumas delas. Passamos a entender que a culpa pelo nosso fracasso ou sucesso escolar não dependeram só de nós, que “... escola é lugar que se faz amigos, não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima... (Paulo Freire)”. Cresce a sede de saber, a dor do não saber-se educadora, o medo de falhar... Afinal somos marinheiras de primeira viagem. Mas agora não tem jeito, o fruto cresce dentro de nós e chegara a hora de pari-lo

O tempo parece curto para a quantidade de coisas que temos que aprender, entender, questionar, acreditar ou nos libertar... Ainda não estamos prontas, (mas será que um dia estaremos, nos sentiremos prontas?) mas não há mais tempo...È chegada a hora.

E de repente, não mais que de repente, lá estamos nós com a nossa primogênita sala nos braços. E agora? O que fazer diante de uma sala com 32 alunos/as que te observam assustados, esperando de você o que talvez não esteja preparada para dar. A primeira reação é de desespero, medo, impotência, raiva e tristeza... Um misto de sentimentos... Percebemos que toda aquela teoria, toda aquela gestação, aquele preparo, desaparece ao nosso alcance. E agora o que fazer?, Como fazer? A quem pedir ajuda? A escola volta a ser um lugar assustador... Então você lembra-se de como achava sua professora forte, impotente, superior... e agora sabe que ela já teve medo e que não sabia todas as coisas do mundo.

O desafio foi lançado e não há mais volta. È necessário encarar a realidade: Você tem uma sala, só sua e precisara ensinar e aprender ao mesmo tempo, educar sua dor do não saber. E como qualquer educadora de primeira viagem, muitos serão os tropeços, os erros e acertos, as longas horas de montagem de aula, os diversos conselhos sobre o que você deve ou não fazer com a sua sala, os diversos métodos, as diferentes didáticas e modos de ensinar...

Uma hora o pânico inicial terá passado e começaremos a nos sentir um pouco mais confiante para seguirmos nossos extintos de educadoras, a não chorar sempre que não conseguimos dar aula, a aceitar que não conseguiremos atingir todos os/as nossos/as alunos/as e que nem todos caminharão juntos, que você não poderá resolver todos os problemas das suas crianças, e que isso não te fará uma fracassada.

Mas nem tudo é desespero. Nada paga o carinho que você conquista de cada um deles/as, a briga para pegar na sua mão durante a fila, para ser seu ajudante do dia, para receber um muito bom no caderno... Os tantos e tantos chamados durante a aula “Pro, fulano fez isso”. “ Pro me ajuda?”, “ Pro sabia que eu gosto muito de você!”, “Pro, você é tão legal! Mesmo quando fica brava”. E de repente, não mais que de repente, você já nem lembra mais do seu nome, agora é simplesmente “Pro” ou, em alguns casos, “Tia”.

E essa historia não acaba aqui....


(Luciana dos Santos – Professora de primeira viagem da turminha do 3º G)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Quem gosta de mulher preta nessa cidade?

Realmente fico me perguntando se tem homem nessa cidade que goste de mulher preta. Me pergunto e só vejo que a pergunta faz sentido quando estou do lado das irmãs de cor. Quando diálogo sobre o assunto com as amigas brancas, em geral, a coisa fica no tom do "isso é coisa de sua cabeça". Mas não é não. E também nem tudo é da área do "quando você se sente bonita as pessoas te notam". Não é só isso, claro que isso conta. Mas nessa terra, que nem bem você passa o povo já fala alguma coisa, já mexe, é estranho você sair exuberante para uma festa e absolutamente ninguém dizer nada. Você dançar, brincar estar se sentindo bem e bonita, mas mesmo assim, ser solenemente ignorada. Sinto frequentemente isso nas badalações noturnas de Salvador, especialmente desse reduto que frequento que é o Rio Vermelho. Ando com mulheres não tão bem resolvidas assim, mas noto que como todas são brancas, a aceitação e receptividade é diferenciada. E é solenemente irritante ver que os homens negros também têm essa preferência. Sinceramente isso me dá uma certa repulsa.

Demorei muito a escrever essa chateação, até porque sempre fiquei acreditando que "isso era coisa da minha cabeça", afinal vivo na Bahia! E por aqui é terra da democracia racial. Porra nenhuma. Mas notariamente sinto que nesse mundinho dos barzinhos do Rio Vermelho, nas festinhas cabeçonas da UFBA, nos eventinhos cult da cidade, no meio teatral não há muito espaço para beleza da mulher negra. No fundo no fundo, a mulher bonita mesmo é a branca. É a deusa, a bela, a graciosa. A negra pode render uma boa trepada, mas pra mostrar pros amigos, pra receber tapinha nas costas, pra botar fotinha no álbum do Orkut, a mulher que conta e que a galera curte mesmo é a branca.

E me dá uma sensação de que os lugares pra mim são muitíssimo restritos. Que esses locais por onde ando, só são locais pra se ir, dançar tomar uma, mas esqueça essa história de flertar. Porque eu sou bonita, exótica, divertida, bom papo, tão somente.

E amiga, que ler isso, se você for branca, não opine. Não vai saber, nem ter sentido o que eu tô falando. Porque mesmo os negões de discurso engajado de Salvador, dificilmente vão preferir uma mulher negra, diante de uma branca. Só se um cometa passar por sua frente... Enfim, deixo a pergunta, tem alguém que gosta de mulher preta nessa cidade negra?

(Mônica Santana)

Retirado do blog: Eu sou Amélie Poulain -http://eusouamelie.blogspot.com/