quinta-feira, 26 de março de 2009

E de repente, não mais que de repente... Eis que ele surge. Que belo sorriso, tão amável, gentil... Será possível!? Talvez seja ele o tão esperado amado.
E de repente, não mais que de repente... Sua entrega total a um novo amor...Juras eternas, flores, desejos, tudo o que foi imaginado agora sim, real....
E de repente, não mais que de repente, eis que acontece... A primeira briga. Ciúmes, insegurança, medo de perder. Ele pede desculpas...Não precisava ter alterado a voz, te ofendido verbalmente, ter ameaçado. Tudo bem! Foi só uma briguinha besta. Ciúmes... è sinal que ele ama.
E de repente, não mais que de repente... Aumentam as brigas, altera-se cada vez mais a voz, o humor, a relação de amor e ódio. Surgem as marcas...Um empurrão, um puxão de braço,um tapa, choro, palavras que machucaram profundamente. Cadê aquele sonhando amado?? Quanta desilusão. Mas ele pede desculpa, mais uma vez foi o excesso de amor, muito ciúmes, problemas no trabalho, medo de perder. Tudo bem! Talvez você tenha dado motivo, talvez não esteja sendo compreensiva o bastante, talvez não esteja cumprindo com suas obrigações de companheira.... Afinal que homem não ficaria irritado com tantos problemas na cabeça. É o estresse, logo passará.
E de repente, não mais que de repente, eis que não passou e as marcas aumentaram... Socos, chutes, murros, seu braço quebrado, seu rosto inchado... O que dizer no momento desse? Silencio. Óculos escuros...Não foi nada, cai da escada... A culpa como sempre foi sua. O que estou fazendo de errado? Sabe que preciso deixá-lo, mas como fazer isso se ainda o ama tanto? Não saberia viver sem ele. Talvez ele esteja certo... Olhe para você...Quem iria ama - lá , se não ele?
E de repente, não mais que de repente, eis que algo muda e aquele amor tão bonito do inicio dar lugar ao medo, a insegurança, a tristeza, a desesperança... estupro, mais um filho perdido por conta das surras. Agora chega!Preciso deixá-lo, mas como? Para onde ir? Ele prometeu te achar em qualquer lugar. Esta presa a ele.
E de repente, não mais que de repente, eis que deixa de ser humana e vira propriedade e como tal não tem mais o controle da sua vida, do seu corpo, do seu pensamento, das suas vontades. O encanto acabou... O amado agora é o inimigo, o seu agressor. Qualquer motivo serve para uma surra nova... a comida que não ficou boa, a casa que não esta devidamente limpa, seu cheiro, sua presença, sua passividade ...
E de repente, não mais que de repente, surge o momento... É agora! Tem que ser agora... Roupas na mala, passagem comprada, um fio de coragem...Você pode! Sei que pode fazer isso... Um olhar no espelho...Quanto roxo, quantas cicatrizes pelo corpo. Chega! Não quer mais isso. Merece ser feliz ser amada de verdade.
E de repente, não mais que de repente eis que esta parada em frente à delegacia. Respiração ofegante... Meu deus, como é difícil? Mas já esta ali e não pode desistir. Precisa fazer isso por si e por tantas outras que ainda estão no cativeiro de seus lares, tendo suas vozes abafadas por socos, tapas, chutes, estupros... Boletim de ocorrência feito, lido e assinado. Será que acabou? Talvez isso não o impeça de ir atrás numa nova tentativa de te ferir...Mas dessa vez conto com o nascer de um novo amor... O amor próprio que te fará lutar, gritar e romper com esse ciclo de agressões.
E de repente, não mais que de repente, eis que chora um choro leve, sem dor, sem medo, sem desamor... As marcas ainda estão espalhadas pelo corpo e pela alma e só o tempo será capaz de fechar essas feridas que ainda sangram. Eis que respira profundamente... Esta viva e livre novamente!
(Luciana dos Santos - 06/03/09)

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