Nós, mulheres pretas, lutamos para não mais sermos oprimidas por essa sociedade racista e machista que há séculos nos explora.
Basta! Não aceitaremos mais sermos espancadas por homens covardes e violentos, inimigos que na maioria das vezes compartilham conosco o mesmo teto, o mesmo leito. Não manteremos mais amores que nos deixem marcas pelo corpo, pela alma, pela vida...
Não permitiremos mais sermos vistas apenas como objetos sexuais, vendidas como mercadoria barata, tendo nosso corpo, nossa pele, nossa expressão corporal associada ao pecado, a luxuria e ao prazer imediato.
Não continuaremos mais sendo desvalorizadas no mercado de trabalho. Representando a base da pirâmide social desse país, ocupando as profissões braçais (domesticas, faxineiras, cozinheiras, lavadeiras...), ganhando três vezes menos comparado ao homem branco e tendo a maior quantidade de horas trabalhadas.
Não vamos mais ocupar os lugares domésticos das mulheres burguesas que em nome da revolução feminina não aceitam mais executarem os afazeres domésticos, mas não se importam em ter nós, mulheres pretas, ainda oprimidas pelo machismo, limpando e lavando para elas.
Não largaremos mais nossas crianças aos cuidados da vida, da desnutrição, do abandono diário, para servimos de ama de leite (ou baba como nos chamam atualmente) a filhos que não são nossos.
Não choraremos mais a morte violenta dos nossos meninos que são tirados de nós pelo trafico, pelo crime, pelo racismo policial...Também não permitiremos que nossas meninas, ainda tão crianças, tornem-se mães por conta da prostituição e do apelo sexual exposto na mídia e na realidade de nossas meninas. Chega de aceitar que nossos filhos e filhas sejam excluídos das escolas, das universidades, do mercado de trabalho, da sociedade que os tratam como delinqüentes.
Chega de sobreviver! Não queremos mais ter que ser o tempo todo mulheres fortes, firmes, duras, doentes emocionalmente, uma vez que acreditamos que não somos capazes de amar e sermos amada. Queremos ter o direito de demonstrar nossos sentimentos sem medo de sermos feridas. Queremos ter o direito de abraçar nossos filhos e filhas sem a preocupação de que precisamos ensiná-los o tempo todo a serem fortes por conta de um racismo cruel que mais cedo ou mais tarde irá machucá-los. Queremos não mais precisar lutar o tempo todo por conta dos múltiplos preconceitos que nos cercam.
Não aceitaremos mais, em nome de um padrão de beleza branco, mutilar nossos corpos, alisar nossos cabelos, afinarmos nossos narizes, acreditando que o problema realmente esta em nós.
Chega!! Não deixaremos mais que outros e outras falem sobre nossas dores, nossas realidades e necessidades...Chegou nossa hora de gritar, deixarmos soar nossa voz pelas escolas e universidades, no mercado de trabalho, nos nossos lares e comunidades, na política, na mídia, nos debates...Não aceitamos mais nos calar...Basta! Nesse momento nós, mulheres pretas, iremos falar.
Irmã, Mulher, Preta. Senti em suas palavras as minhas e de milhões de mulheres, brasileiras e de todo mundo. Q suportam e encaram sua situação, como muitas vezes irremediável. Mas acredito como vc, q temos q encarar esta situação, com força e vivacidade. Não devemos nos deixar levar por esse modo de vida opressor. Q a cada dia q passa se torna ainda mais mesquinho e desumano. Encara-nos mulheres, como objetos, por homens e uma mídia machista. Menospreza-nos, com uma educação sexista. E nos usa como mão de obra barata, pelo capitalismo. Venho não apenas reafirmar aquilo q acredito como vc. Mas, sim falar para todas as mulher q devemos. Além de fritar para q ouçam nossas vozes de vida e força. Mas q mostremos, a cada um daqueles q nos subestimam. Q podemos sim, chegar mais longe. Temos q tomar as formas de poder e mudar a base, as leis, a constituição. Q embora tenha sido feita para ordenar nossa vida, não foram feitas por nos mulheres. Maioria brasileira. Temos q lutar de verdade e mostra q podemos sim, ser vista, ouvidas e RESPEITADAS.
ResponderExcluirLu, minha amada amiga. Ver seu ícone em minha página me fez voltar ao seu blog, reencontrar as coisas que já escreveu e, como na primeira vez que li, me sentir tocado. Não sou capaz de ter toda a dimensão de suas palavras como Emili, mas sinto o espírito se encher de força e o corpo de disposição para largar minha cômoda situação e buscar as ferramentas com as quais posso auxiliar essa luta. Minha trincheira pode (por vezes) parecer distante, burocrática, viciada a engenharia institucional, mas sei que você compreende que
ResponderExcluirtemos "Os mesmos pensamentos" mas "com metodologias diferentes". A luta continua minha companheira! Te ADMIRO toda vida!!! Rick.